O Pátio: espaço de convívio e um bom lugar para aprender

Você sabe qual é a origem da palavra “pátio”? Ela vem do latim “patere” e significa abrir-se, manifestar-se, tornar-se evidente.

E o que vivenciamos no pátio? As relações. Este local, para onde vão os adolescentes do Ensino Médio e as crianças do Fundamental no tão esperado intervalo das aulas, é o palco de interações entre os alunos, professores, gestores e demais funcionários da escola.

Ele é, digamos, mais que um espaço de lazer. Quem não se lembra dele? Para muitos de nós, um local de boas recordações da infância e adolescência. É o espaço no qual o convívio entre os alunos é espontâneo e natural. Os colegas interagem e se divertem, jogam, leem, conversam, cantam, comem um lanche. Lá, surgem amizades; ali elas se fortalecem.

Mas, então, é um lugar só de bate-papo, aquele que a gente dá uma relaxada entre uma aula e outra e nada mais? Não, muito pelo contrário. É um ambiente muito importante para a formação do pequeno e do jovem cidadão porque parte importante do desenvolvimento humano começa lá.

Inerente ao programa de ensino da escola, transforma-se numa importante ferramenta de aprendizagem e ampliação cultural, uma extensão da sala de aula. Atividades nesse espaço estimulam o estudante, desde cedo, ao conhecimento do ambiente no qual vivem e favorecem o estímulo à autonomia. Escolas que valorizam esses momentos costumam ter alunos com melhor aproveitamento e maior estímulo para o aprendizado.

Assim, é importante observar a arquitetura do local – que também é um cartão de visita para a escola, porque ninguém gosta de ficar num lugar feio ou descuidado, ainda mais por se passar ali boa parte do dia, durante praticamente o ano todo. Por isso, a melhoria constante desse ambiente é fundamental e precisa receber a mesma atenção do laboratório, da quadra de esporte, da biblioteca e de todos os outros espaços escolares. Deve ser sempre um local atrativo, de bem-estar.

Mas, vamos considerar também um outro aspecto. Ninguém se relaciona bem com todo mundo o tempo todo. O conflito é inerente às relações humanas e até certo ponto não é de todo negativo. Diferentes pontos de vista geram multiplicidade de caminhos. A diversidade é necessária, desde que não se torne adversidade. Quando isso acontece no pátio da escola – e acontece – é a hora do educador entrar em cena e transformar episódios como esses em lições para a vida e bons exemplos através dos próprios fatos.

Porém, não vamos nos limitar aos conflitos em si. Onde existem relações humanas também podem haver transgressores, inclusive na escola, que é o local em que a criança aprende a identificar a transgressão como tal. E, assim como o conflito, a transgressão também pode ocorrer no pátio. Por isso, mais uma vez, o olhar experiente do educador deve ser ainda mais atento, para orientar e colocar limites. Dessa forma, uma cuidadosa reflexão sobre os jogos, brincadeiras e quaisquer outras atividades que ali se desenvolvam, é imprescindível. É a hora da educação no (que só parece) lazer (Leia-se com e sem parênteses).

Enfim, vemos que o Pátio também é um espaço de observação e, nesse sentido, é um complemento importante do aprendizado da sala de aula. Em um ambiente mais informal, é natural que o aluno se sinta mais à vontade e, assim, expresse mais naturalmente alguns comportamentos característicos de uma personalidade em formação, como liderança e reclusão, e até mesmo agressividade. Certos conflitos pessoais, problemas de saúde, intercorrências familiares que estejam impactando o desempenho e as condições emocionais da criança e do adolescente podem ser detectados durante aquele tão esperado intervalo.

Concluindo, mais do que centro de cultura, esporte, arte e lazer combinando aprendizagem e serviço à sociedade, esse espaço sedia o aprender fazendo e dividindo, com participação ativa na coletividade. Ali, com certeza, os seus frequentadores vão desenvolver competências, habilidades e valores que podem contribuir com a melhoria da sociedade. E é isso o que desejamos, o exercício de cidadania em todos os espaços escolares para a transcendência desses mesmos espaços.